Wednesday, November 23, 2011

Animal Farm - O Triunfo dos Porcos

Hoje faz-se uma caminhada cultural pelo curto romance de George Orwell. A fábula devia ser ensinada na escola, nas escolas do mundo. Claro que a leitura do texto nos mostra porque nunca ninguém ousará incluir algo deste calibre num currículo escolar.


"No one believes more firmly than Comrade Napoleon that all animals are equal. He would be only too happy to let you make your decisions for yourselves. But sometimes you might make the wrong decisions, comrades, and then where should we be?"
Ninguém acredita mais firmemente que todos os animais são iguais do que o Camarada Napoleão. Ele ficaria satisfeitíssimo se vocês decidissem por vocês, mas por vezes podem tomar as decisões erradas e então, como ficaremos?

Ou na Madeira: "votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar”.


Ao longo de todo aquele ano os animais trabalharam como escravos, mas felizes no seu trabalho. Suportavam todos os esforços e sacrifícios conscientes que tudo o que faziam era para benefício próprio e dos seus descendentes, e não para um bando de humanos usurpadores.

Ou a versão de Pedro Passos Coelho: "As dificuldades existem e têm de ser enfrentadas. Mas vale a pena enfrentá-las e ganhar força para as ultrapassar. Trata-se também de uma oportunidade para fazermos as coisas de modo diferente para futuro." (Publicada no facebook do referido, segundo o Diário Económico online de 22 de Novembro de 2011)


Tuesday, November 22, 2011

A Ilegalidade da Desumanidade

 Anda por aí muita gente indignada com os imigrantes ilegais. Corre-se os cafés e muitos refilam contra essa gente que vem para aí tirar empregos. Refilam sem que concorram a esses empregos que os ilegais lhes tiram. Abstêm-se de concorrer por acharem que merecem mais que isso. Merecem melhores salários, cargos mais dignos, um sem número de regalias que merecem e que os imigrantes quase que lhes tiram da boca.

 O imigrante ilegal, que assume esses empregos, é um crápula, um vampiro, que aceita trabalhar sob cirscunstâncias que colidem com o que (ainda) é lei do trabalho. Esperem, o imigrante afinal é duplamente criminoso. O mal dele é que aceita trabalhar em vez de reclamar. Pois... Poder reclamar pode, mas como ilegal que é seria tratado abaixo de animal e retornado sem apelo nem agravo para o ponto de origem.

 Para um país que abraçou desde eterna memória o estatuto de remediado e acobardado é estranho haver quem procure melhorar a sua vida. Que esteja disposto a arriscar essa mesma vida ainda é mais estranho. Eu, sentado no meu cafézinho, é que jamais o faria. Nem aceito que alguém o possa fazer!

 Torna-se complicado perceber que se olhe para um imigrante ilegal como se fosse um cachorro que rói os sapatos preferidos do dono. Trata-se de um ser humano. Custa-me compreender que alguém tenha mais direitos ao que quer que seja com base no sítio onde nasceu do que alguém que arrisca a vida e a saúde para estar nesse lugar. E desculpem o desabafo...

Friday, November 18, 2011

Pintelhices

 Eduardo Catroga recebeu alguma visibilidade recente por ser um proto-ministro das Finanças e por ter usado um sinónimo de pêlos púbicos num espaço noticioso.

 Na onda dessas capilaridades parece estar que um "trabalhador por conta de outrem" é o mesmo que "um empregado à custa de outros". De outra forma a frase que pronunciou de acordo com notícia do SAPO não faz sentido.
“um ambiente em que os pais e os próprios desejavam um tacho, isto é, trabalhar por conta de outros. Agora, felizmente, existe número crescente de jovens que querem trabalhar por conta própria”
Quando se diz que havia no país “um ambiente em que os pais e os próprios desejavam um tacho, isto é, trabalhar por conta de outros. Agora, felizmente, existe número crescente de jovens que querem trabalhar por conta própria” está-se a confundir o sinónimo de conezia, ou de mama com o sinónimo de diligenciar, empenhar-se ou lidar

 É fácil de perceber que, para quem pertenceu a um governo do Sr. Silva, seja difícil de ver a diferença (considerando o desfilar de nomes associados a favores no caso BPN), mas para quem não teve de passar por essa "dificuldade" fica difícil de perceber a associação.

União Europeia por esse rio abaixo...

Tuesday, November 15, 2011

(d')As antigas e viciadas práticas

 Hoje no editorial do DN temos um apanhado do que melhor se tem feito em futurologia em Portugal. Como diz o editor:
Em 2006, a 13 de Outubro, Manuel Pinho anunciava a boa-nova ao País: "A crise acabou!", garantia o então ministro da Economia, sublinhando que, à época, se vivia um ponto de viragem, e a questão era a de saber quanto é que a economia portuguesa iria crescer.
Dois anos mais tarde, em 2008, Teixeira dos Santos, então titular das Finanças, animado pela subida de alguns indicadores económicos, também não tinha dúvidas: "Estamos mais próximos do fim da crise do que do seu início e creio que estaremos, porventura, a passar o pior momento da crise nos últimos meses." Meses depois, em Agosto de 2009, José Sócrates era peremptório (usando aliás as mesmas palavras que hoje saem da boca de Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira), anunciando um novo futuro: "É o princípio do fim da crise."
 Um parágrafo mais à frente, o editor refere o mais recente episódio de futurologia:
E ontem, foi a vez de Álvaro Santos Pereira cair em tentação: "2012 será um ano determinante para Portugal e para a economia portuguesa", pois "certamente irá marcar o fim da crise e será o ano da retoma para o crescimento de 2013 e 2014". E caso alguém estranhasse, o ministro vincou: "Que não exista qualquer dúvida!"
 Como dizia a outra: se não fosse verdade, até tinha piada.

  Na segunda parte o editorial debruça-se sobre os novos governantes europeus. Na sua curta intervenção menciona que
A sua escolha foi, por outro lado, também um "sinal" para o exterior de que as antigas e viciadas práticas serão deixadas para trás.
 Desconheço quais as antigas e viciadas práticas que ficaram pelo caminho. Desconheço-as porque ainda não vi quais as novas e virtuosas práticas que os respectivos governantes irão impor nos seus países. A antiga e viciada prática que entretanto já ficou pelo caminho, foi aquela em que os povos escolhem os seus governantes. Eu compreendo que isso da democracia é uma antiga e viciada prática grega e que não é a primeira vez na história que a humanidade a deixa de lado, mas será esse o caminho que queremos elogiar?

Thursday, November 10, 2011

After being bombarded endlessly by road safety propaganda, it's almost a relief to have found myself in an actual accident.

 A frase do título é retirada do estranho filme Crash (1996, David Cronenberg) e talvez esteja para o breve o tempo em que todos a diremos. Poderá estar relacionada com acidentes económicos, sociais ou outros. Para alguns infortunados, estará também associada a acidentes viários.

 Este comentário, apesar de já ser o segundo, marca oficialmente o início de um novo marcador de comentários aqui no blog: Gathering Storm. A tempestade que se aproxima era, em Churchill a segunda guerra mundial. No nosso caso será algo anterior a esse marco.

 Quando se lê hoje em dia qualquer comentário onde se diz que "a Bolsa de X perdeu", ou se fala que empresas perderam será que perderam mesmo ou, como em 1929, esse valor nunca existiu exepto (actualmente) num écran de computador?

 Quando todos os países devem a alguém e esse alguém deve a terceiros que devem a quartos que devem... No extremo concluiremos que o saldo do planeta, no que a dinheiro diz respeito, será negativo. Como em 1929, andámos a comprar sonhos e nuvens. Olho para as notícias e vejo que Portugal pretende vender mais uns quantos títulos de dívida. De dívida! Andamos a vender falta de dinheiro. Andamos a dizer que nos falta dinheiro, que somos incapazes de produzir riqueza e no final vendemos essa incapacidade e prometemos somar-lhe mais uma fatia.

 Estamos acompanhados de todos neste procedimento, mas nunca a imagem do "se todos se atirarem para um poço tu vais atrás?" fez tanto sentido como agora. Ao olhar as notícias lembro-me do título. Quanto tempo andaremos aqui a ouvir falar de acidentes e com nuvens a pairar no horizonte até que finalmente sejamos atingidos por um raio?

What Time Should We Meet?

A importância da Europa no Mundo actual pode ser vista pelo horário a que as coisas acontecem.

O Real Madrid mudou o seu horário (no que secunda a Premiership) para agradar aos mercados asiáticos. Politicamente as notícias sobre Papademos e Monti calham mesmo a tempo de animar os mercados americanos.

E pronto.

(Imagem retirada do sítio do The Guardian)