A não questão Margarida Rebelo Pinto consegue surpreender-me na proporção inversa à qualidade da escrita da visada. Não percebo, genuinamente não percebo, a indignação sobre o que ela disse. Fosse ela uma autora do calibre de uma Sophia, uma Natália, uma Alice Vieira, aí sim haveria espaço para se discutir o que queria dizer, poderia até haver espaço à indignação, mas não, ela não tem a qualidade das autoras que referi, não tem a capacidade de intervenção das mesmas, não domina as palavras como elas, não merece sequer que eu a compare com essas monstras da literatura. O que se passou foi um não caso!
Ou então é apenas a rede social que eu tenho. Se me sinto forçado a contribuir para a campanha de publicidade gratuita ao mais recente desperdício de papel que a supra citada conseguiu pôr à venda, é apenas porque a indignação na minha rede social está de tal forma elevada que me levou a indignar com a indignação. A coisa está no ponto de um humorista ser considerado herói nacional por ter mandado a referida à merda! No entanto, vi muito pouca, para não dizer nenhuma, indignação quando o assunto foi uma reportagem da TVI sobre o que este governo anda a desfazer no campo da educação. Ou ainda menos quando saíu uma notícia a relatar que, por despacho governamental, as empresas de transportes teriam de acabar com os descontos para idosos e crianças. E a lista podia continuar! O que importa nisto tudo é indignarmo-nos porque a rainha das cronistas do boçal e do banal teve um comentário boçal e banal. O único motivo de indinação na questão Rebelo Pinto é se ela não pagou à RTP para poder fazer aquele número viral para promover as vendas do seu novo genocídio arbóreo. Se pagou, então nem espaço à indignação há, se não pagou, espero ver em breve escritores à séria no mesmo espaço...
Relativamente às cortinas de fumo, alguém percebeu porque o Orçamento de Estado 2014, que perpetua as medidas de sempre, não foi enviado para o Tribunal Constitucional? Ou será que estava tudo demasiado ocupado a indignar-se com a opinião do Blatter sobre o Ronaldo, ou com a nova lei dos animais de estimação? Toda a gente com um mínimo de dois neurónios funcionais percebeu, quando a lei transpirou para a imprensa, que não passava de uma cortina de fumo que, com indignação ou não, nunca, mas nunca, veria a luz do dia. No entanto todos se indignaram e arrancaram cabelos e rasgaram vestes porque os amigos dos animais corriam o risco de por lei só poderem ter dois canitos em casa. Sobre o orçamento nem uma palavra.
Ronaldo e Blatter, Margarida Rebelo Pinto e os cãezinhos, gatinhos e periquitos não passam das cortinas de fumo que falei no comentário anterior. Um país que se indigna com isto e aceita passivamente tudo o que lhe fazem, merece todos os Passos Coelhos deste mundo e arredores. E consegue que eu diga com tristeza que Portugal de facto não é a Grécia...
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