Friday, August 13, 2010

Acudam ao pobrezinho!

Almerindo Marques, cidadão português, gestor público da pública empresa Estradas de Portugal (e antes da não menos pública RTP), insurgiu-se contra o "populismo desbragado de que toda a gente que recebe mais do que um salário mínimo é um parasita social". (Almerindo critica corte nos prémios dos gestores públicos, in Diário Económico online)

Tal afirmação surge relativamente ao congelamento dos prémios para gestores públicos anunciados até 2011. Como Almerindo tem (penso eu) estado em Portugal nos últimos dez anos, deduzo que se queixe dos congelamentos relativos a 2010 e 2011. Congelamento, diga-se de passagem, dos prémios!

A este propósito, considera ainda ser "um mau serviço que se está a prestar ao país sobretudo quando há tantos outros problemas" e "não é bom para os gestores públicos nem para os privados, nem [agora sim vem a consciência social] para os cidadãos em geral nem para os portugueses em especial". Tal injustiça prende-se com o facto de os visados trabalharem "com empenho, dedicação e esforço para além do razoável".

Como cidadão que aufere acima de 25 salários mínimos (quem fizer as contas verificará que o número se aproxima mais de 30, mas não quero ser acusado de populista desbragado), Almerindo encontrá bastantes cidadãos solidários com a sua luta contra os congelamentos dos prémios. Aliás, contra o congelamento dos prémios e dos salários. Encontrará também imensos cidadãos que auferem de valores bem mais perto dos 500 euros (cerca de 3,5% do público salário de Almerindo - mais uma vez números por baixo). Nas fileiras dos, como ele, servidores do Estado encontrará então muito mais gente, uns felizardos que auferem entre dois e quatro salários mínimos, valores que pouco ou nada mudaram nos últimos cinco anos. Pouco ou nada porque após um período de congelamento de prémios e de salários abaixo de 3000 euros (Almerindo não o sentiu certamente), houve um ligeiro aumento, correspondente a cerca de metade do valor da inflacção, para de seguida novo congelamento. Nestas fileiras de trabalhadores públicos (como Almerindo) que não possuem o cargo de gestor (ao contrário de Almerindo) muita gente concordará que quem aufere mais de um salário não é um parasita social.

Como Almerindo, também eles sacrificam muito do seu tempo em nome de um "empenho, dedicação e esforço para além do razoável", só que ao contrário de Almerindo, há muitos anos que têm vindo a sofrer com as decisões dos "Almerindos" e seus superiores.

Numa altura em que ainda não se falava de crise internacional, já os portugueses em especial eram visados por congelamentos de salários e prémios e nessa altura nenhum gestor abria a boca a manifestar-se contra. Quando estes portugueses em especial eram (ou são?) vítimas de aumentos trimestais do preço dos transportes, aumentos anuais da conta da luz, do gás, da água e dos produtos alimentares, não se ouviram os Almerindos. Quando o cinto dos portugueses, de tanto apertar, precisa que se façam novos furos, é normal que o couro que vai ser removido se queixe, mas senhor Almerindo, como é que justifica congelamentos de salários na sua empresa se não der o exemplo? É que sabe, há uma grande massa de gente que não é parasita social, mas precisa de ver e sentir que esta crise toca a todos. Para si é só de agora, os portugueses sabem-no, mas para os portugueses em especial não!

Portanto, caro Almerindo, se de facto tam dificuldades em colocar comida na sua mesa e dos seus filhos, não consegue arranjar um emprego devido à sua idade, ninguém lhe oferece mais de 500 euros (é 3,5 % do seu ordenado!)em cada entrevista de emprego a vai, então sim queixe-se e com razão, porque há uma massa de portugueses em especial que não sabe como fazer para pagar a renda, a água, o saneamento, a luz, os transportes, a saúde, a alimentação e no fim ainda poder dar uma educação aos filhos e esses também não são parasitas sociais, mas são tratados pelos Almerindos como tal.



Wednesday, August 11, 2010

11 de Setembro

A um mês de se celebrarem 37 anos sobre o 11 de Setembro, vou publicar algumas das afirmaçoes de alguns intervenientes (de acordo com a wikipedia).

"I don't see why we need to stand by and watch a country go communist due to the irresponsibility of its own people. The issues are much too important for the Chilean voters to be left to decide for themselves." — Henry Kissinger

"Not a nut or bolt shall reach Chile under Allende. Once Allende comes to power we shall do all within our power to condemn Chile and all Chileans to utmost deprivation and poverty." — Edward M. Korry, U.S. Ambassador to Chile, upon hearing of Allende's election.

"Make the economy scream to prevent Allende from coming to power or to unseat him" — Richard Nixon