Wednesday, June 30, 2010

Professor Carlos e Senhor Queiroz, a Conclusão (por agora)

Escrevi aqui no blog, há uns tempos, sobre a capacidade de Carlos Queiroz ser capaz do melhor e do pior.

Tive o prazer de ver o jogo Portugal-Espanha num ambiente internacional. Ao intervalo do jogo, todos os que perguntavam pelo resultado tinham, por parte do único espanhol com cojones para ver o jogo no meio da comunidade lusa, a resposta de "Espanha perde 0-0", numa alusão ao sentido que o jogo estava a ter. Contrariando de resto a opinião expressa a posteriori pelo seu selecionador!

O que vi ilustra o que também já tive oportunidade de comentar. Portugal apareceu na África do Sul com a defesa mais forte em prova. De resto, exeptuando o jogo com a Costa do Marfim, apresentou uma capacidade ofensiva que me surpreendeu e à qual um bocadinho mais de sorte poderiam ter vaticinado melhor sorte.

Ao intervalo comentava com os outros portugueses que "agora até acredito que não precisamos dos penaltis", numa alusão à sensação que seríamos campeões sem marcar golos. Pressuposto que se baseava numa defesa de ferro, que começava no ataque e que deixava para a defesa as sobras. Para quem não percebe, reveja o jogo com o Brasil, os primeiros 55 minutos e os últimos 10 minutos, ambos de ontem!

No entanto havia um factor com que não contava. O factor Senhor Queiroz! Por motivos ainda por decifrar, Carlos Queiroz não gosta de estar em vantagem sobre um adversário! Será ou o treinador mais generoso do mundo, ou o de mais fracas convicções. Senão façamos uma breve análise de momentos marcantes da carreira:

1994, Alvalade, Sporting 3 - Benfica 6
Nesta tarde memorável para o SLB, ao intervalo o jogo estava 3-2 a favor dos forasteiros. No recomeço, Queiroz deixa o defesa esquerdo no banco, para lançar um médio ofensivo. Toni (o tal que parece que ajudou a Costa do Marfim) manda o Benfica passar a atacar por ali. Passar é o verbo correcto porque o Sporting tinha uma das melhores equipas da sua história, foi atropelado por um Benfica, em casa e acabou a época sem títulos.

2008, Alvalade, Portugal 2 - Dinamarca 3
Nesta noite memorável para os vikings, Portugal atacou muito (e mal!) mas a dez minutos do fim apenas ganhava por 2-1. Então Queiroz decide intervir! Vai de tirar Hugo Almeida, o único em campo com arcaboiço para suster o poderio físico dos Dinamarqueses. Num espantoso (mas não imprevisto) volte-face, até os visitantes ficaram abismados com o resultado que conseguiram, uma vez que estavam felizes com o perder por poucos... Ah! Portugal ainda conseguiria um empate a 0 com a poderosa selecção albanesa!

Ontem, 2010, África do Sul, mais uma vez Hugo Almeida, o homem que segurava os centrais espanhóis no seu meio campo, ou perto dele, permitindo a Simão e Ronaldo serem magnificamente anulados pelos laterais espanhóis (que também não subiam). Factos que parecem de somenos importância, não fosse o facto de Danny não intimidar ninguém! Aos 56 minutos, e talvez aborrecido por não estar a perder, decide mudar o desenho táctico. A consequência? Os laterais espanhóis começam a subir e no espaço de 15 minutos a Espanha marca um golo e cria ocasiões para mais dois ou três. Queiroz reagiu, voltou a colocar um ponta de lança, mas o estrago estava feito, Liedson nao segura jogadores da craveira de Puyol a lado nenhum e a ganhar nem precisavam de arriscar nada...

A finalizar uma nota aos jogadores. Deco não devia ter posto os pés neste Mundial! Apraz-me ver a coerência dos que criticaram Rui Costa quando afirmou que a final do Euro 2004 seria o seu último jogo (depois de também o terem empurrado de lá para fora) e agora defendem que Deco devia jogar. Um jogador que fala como ele falou da selecção antes do Mundial, não faz falta. Moutinho, Martins e até Maniche ou Manuel Fernandes fariam mais e melhor do que Deco fez (ou tem feito)!
Ronaldo devia antes perguntar ao Queiroz porque jogou tantas e tantas vezes mal! Porque o deixava ficar em campo quando ele se tornava o primeiro defesa da equipa adversária, porque insistia num campitão mimado, que antagoniza o público (Portugal-Albânia, Municipal de Braga, Setembro 2008) e agora incendeia uma opinião pública frustada? Ser capitão também é pensar as palavras...

Tuesday, June 22, 2010

A História contada por alguns...

No site da wook (wook), encontra-se o extracto que abaixo transcrevo, referente a Saramago:

"Oriundo de uma família humilde, José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que
não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses.
" [o destaque é meu]

Certamente que no ano de 1975, e na readacção do DN em particular, os conceitos de "postura cívica exemplar" diferem daqueles que teoricamente haviam chegado ao país no ano anterior. A menos que 'delitos de opinião' e um regime de imprensa que emocionaria o Querido Líder da Coreia do Norte (paradigma da liberdade lá para as cores ideológicas do exemplar) sejam aquilo que se deve vender como "postura cívica exemplar".

Certamente nos dias que correm faz falta alguém com pulso forte e força de vontade à frente do país. Alguém que ouse ir contra tudo de contra todos, mesmo que o tudo e o todos sejam o mais elementar conceito de liberdade ou de igualdade. Ou será que isso é o que já temos? Se for compreende-se o facto de como o ano de 1975 pode ser desta forma saneado da memória colectiva. Para alguns o 25 de Abril de 1974 foi o recuperar da liberdade, para os jornalistas do DN esse evento teve de esperar a saída de Saramago da direcção do referido jornal. Facto esse que o precipitaria no desemprego, onde por entre traduções várias se tornaria "um dos raros escritores profissionais portugueses".

Monday, June 21, 2010

Professor Carlos e Senhor Queiroz, ou a Selecção de todos nós (outra vez)

Manifestei neste espaço o meu desagrado pela forma como Portugal se anulou a si mesmo no jogo de estreia no Mundial. Nada de novo se a forma como a equipa lá chegou for tida em conta.

Neste mesmo espaço (e posso estar sob o efeito de uma bebedeira de golos, como não há memória!) venho manifestar a forma como acredito que pelo menos passamos a fase de grupos.

Depois da segunda ronda de jogos no grupo fiquei convencido de duas coisas:
-se o Brasil esperar que nós partamos para cima deles, o jogo acaba em empate e passamos todos;
-se a Costa do Marfim distribuir fruta aos coreanos, como deu nos brasileiros, o jogo acaba à meia hora de jogo, por falta coreanos em campo!

Quanto ao jogo de Portugal, quando se ganha por 7-0 não há grande coisa a apontar. Mais uma vez metemos uma bola no poste direito (ou esquerdo...) nos primeiros dez minutos, mais uma vez o Ronaldo fez mossa nas balizas (desta vez a eleita foi a trave), mais uma vez o Coentrão esteve em altíssima rotação (parecia um Coreano a correr à maluca pelo corredor) e finalmente se mostrou que o Deco faz muita falta ao banco da selecção.

Aliás, se alguma coisa se pode dizer hoje do Senhor Queiroz (o homem que deixou Deco no banco para jogar Tiago - que fez mais em 90 minutos que o Deco desde o Euro 2004) é que não devia ligar tantas vezes ao Professor Carlos (o homem que levou Deco e deixou Moutinho/Martins em terra - riscar o que não interessa, consoante o gosto de cada um)!

Wednesday, June 16, 2010

Estreia Mundial, só para os estrangeiros!

Num ataque de patriotismo dei por mim a ver o jogo de estreia da selecção no Mundial. Num ataque de algo que, para ser simpático para comigo, vou chamar de optimismo, ainda acreditei que Portugal marcava um golito ou outro à Costa do Marfim.

Depois do que vi ontem estou plenamente convencido que Portugal vai ser campeão do Mundo! Depois das trapalhadas da qualificação, penso que ninguém poderá por em causa a capacidade do Prof. Queiroz levar esta selecção aos títulos que de si andam arredados.

Senão vejamos: com a Albania, jogo fora, lá chegámos à vitória quase, quase ao cair do pano. Com a Bósnia, em casa, conseguimos não perder o jogo, com duas (ou três) magistrais defesas dos postes do Estádio da Luz e contra a Costa do Marfim...

Contra a Costa do Marfim viu-se o nascimento de uma nova forma de jogar. Se os italianos inventaram o catenaccio, Queiroz inventou o Ultranéscio! A forma de jogar é muito simples: como o adversário espera que tomemos a iniciativa do jogo, pegamos na bola e mesmo antes de passar a linha do meio campo entregamo-la de bandeja a um dos médios adeversários que por ali se passeiam. A verdade é que eles ficam tão desnorteados que quando chegam à baliza falham cabeceamentos e oportunidades feitas.
Claro que esta táctica pode vir a surpreender muita gente. Eriksson foi apenas a primeira vítima. Pelo menos a Coreia do Norte e o Brasil já sabem que Portugal não está ali nem para ganhar nem para jogar. Mas isso é algo que só surpreende quem não acompanha esta selecção...

Em jeito de comentário final, uma palavra de carinho para o Deco. É um atentado aquilo que fazem com ele em campo! Quando ele se queixa, fá-lo e com razão, porque o que se tem visto, desde a final do Euro 2004, é que a verdadeira vocação do Deco é para trinco (ou seja, a jogar pelo meio como se quixou)! De resto nessa função tem sido exímio, cortando jogada atrás de jogada da equipa das quinas. Talvez seja o cansaço de que se queixava antes do Mundial. Pena que jogadores menos cansados, como o Moutinho ou Martins, tenham ficado em terra...