Monday, November 22, 2010

Bolonhesa à Portuguesa

Há mestrados que podem custar mais de 30 mil euros, in Público 22-Nov-2010

O título deste comentário de hoje é uma apropriação do título de um ciclo de conferências organizadas na minha Alma Mater, nos idos de 2003/2004. Já nessa altura vários alunos avisavam para o que se pretendia com a implementação do Processo de Bolonha em Portugal: fundamentalmente aumentar aquilo que se cobrava pelos cursos.

Na memória desses tempos, surge como figura querida (ou nem tanto) um tal de Pedro Lynce, ministro de Durão Barroso, que alterou, entre outras coisas, o valor das propinas. Para quem se lembra do barulho de fundo que havia antes dessa alteração (o valor era de um salário mínimo anual), lembra-se certamente que havendo queixas nunca houve um choradinho. Após essa alteração, as universidades poderiam passar a escolher qual o valor da propina a cobrar, tendo este valor de se encontrar entre 1,5 e 2 salários mínimos (os valores podem variar um pouco, mas para exactidão consulte-se os DRE). Sendo que em ambos os casos haveria um maior esforço por parte de alunos e respectivas famílias, para as Universidades as dificuldades de financiamento levaram, na grande maioria dos casos, à escolha da propina máxima.

Portugal tem, na sua milenar história, vários exemplos de como adapta comidas aos seus gostos particulares. Um desses casos é o esparguete à Bolonhesa. Correndo o país de lés-a-lés, somos confrontados com uma pratada de esparguete coberta com carne picada. Enquanto o valor degustativo não está em causa, a verdade é que esse prato fere a mentalidade de qualquer bolonhês confrontado com esse prato.

Da mesma forma que o que se fez com o denominado Processo de Bolonha faz (ou deveria fazer) com quem conhece os documentos que saíram da conferência de Bolonha (1988, precedida pela declaração da Sorbonne) e de uma forma muito mais vincada Bergen (2005) e Lisboa (2007).

Quem esteve envolvida em toda a discussão que rodeou este processo, não pode deixar de estranhar que a principal discussão, no caso português, se prendesse com o que chamar aos 1º e 2º ciclos de estudos. Vendo a que correspondem as competências específicas para cada um dos ciclos, chega-se à conclusão que ter chamado bacharelato ao 1º e licenciatura ao 2º teria sido uma opção muito mais de acordo com o que havia em Portugal e com o que se pretendia, forçando a maior parte dos cursos a mudanças circunstanciais. De notar que, pela sua especificidade, Medicina não se encontrava abrangida por estes documentos. Aliás, numa pura observação dos detalhes, todo o processo visava muito mais tornar os cursos semelhantes a medicina (a formação de um médico é coisa para levar perto de 10 anos, por entre especialização e internatos).

No entanto seguiu-se a adopção da licenciatura e do mestrado. Logo de início se especulou se estariam algumas invejas por trás desta adopção. Para mim, desde que me vi dentro da discussão, sempre preferi por dizer, como um grande amigo meu diz, "chame-se-lhe um apito", como forma de chamar à atenção para o facto de o que importava nesse livro ser o conteúdo e não a capa. Como eu, muitas vozes de alunos sempre frisaram esse ponto. A reacção que, invariavelmente, se obtinha por parte do corpo docente/regente era a de um paternal "vocês não sabem do que falam".

Na realidade sabíamos! Sabíamos que as propinas de mestrados, por lei, são diferentes das de licenciatura e percebíamos (2004) porque é que se chamava licenciatura a um ciclo de estudos que mais atribuía competências de bacharelato e mestrado a um que nos deixava ali no meio entre a licenciatura e mestrado antigos.

A notícia do público vem mostrar que não era preciso, na altura, ser um tremendo visionário! Quando uma instituição tem três cursos concorrentes, mesmo no arranjo bolonhês da coisa, quando um reputado dirigente da mesma afirma que o regime de prescrições não entra em vigor devido à perda de verbas inerentes às matrículas de alunos, por aí se vê o que foi a Bolonhesa à Portuguesa: um prato que do original tem os ingredientes, o nome e que se cozinha (e sabe) de uma forma totalmente distinta!

Wednesday, November 17, 2010

E o povo pá?

Portugal e Irlanda lideram vendas automóveis na UE

Para quem acredita que as coincidências não existem esta notícia vem desmenti-los. Ou será que não? Cada um acredite no que quiser mas para mim, quem a sabe toda são os senhores aí em baixo.

Friday, October 22, 2010

É isto a democracia?!, Manuel Maria Carrilho, DN, 21/10/2010

Rui Pinto tem um interessante comentário ao artigo em epígrafe no seu blog. Pode ser lido em:

É preciso legitimar a democracia.

A Fábrica de Presidentes

Há no mundo várias formas de governo. Destas algumas apresentam-se como sendo democracias. Etimologicamente isto quereria dizer que o poder se encontra nas mãos do povo.

Para alguns leitores, o artigo "É isto, a democracia?!", De Manuel Maria Carrilho (DN, 21/Out/2010) é um ataque encapotado ao Governo de José Sócrates. Acredito que retirar essa conclusão é, como dizia Ferreira Fernandes no mesmo jornal, olhar para o dedo que nos aponta a Lua. Mais do que um ataque, este artigo de opinião acaba por ser um abrir de olhos sobre algo que nos devia interessar a todos, especialmente em alturas em que se multiplicam comentários de que "isto só lá vai com outro Salazar".

Devemos pois reflectir. Nessa reflexão, deveríamos talvez considerar que o regime semi-presidencial está um pouco ultrapassado. Na verdade talvez devêssemos optar por um regime em que a figura do Presidente (com menos poderes do que alguns monarcas europeus) tem mais poderes. Esta afirmação não se encontra totalmente desprovida de suporte. Na verdade, Portugal parece muito mais dado a formar bons presidentes do que bons primeiros-ministros.

Comprovemo-lo com dois com dois casos, que até se cruzaram nos corredores do poder: Mário Soares e Cavaco Silva.

Como primeiro-ministro Soares faz Sócrates parecer um qualquer ministro da solidariedade de um país nórdico (daqueles em que saúde quase não é encargo e a educação um direito e não um privilégio) e Cavaco rivalizou, em "nunca ter dúvidas e raramente se enganar", com alguns príncipes de países democráticos como a Arábia Saudita... A uni-los, o facto de ambos terem estado na linha da frente da adesão à (então) CEE: o primeiro meteu-nos lá e o segundo torrou (ou alcatroou) os fundos que de lá vinham.

Como presidentes, por outro lado, Soares foi figura de proa na oposição a Cavaco e este tem sido uma bengala preciosa de Sócrates. O irónico da questão é que ambas as posturas são não apenas as necessárias para o país, mas também as que mais favorecem os interesses eleitoralistas dos partidos que os apoiam.

Se Soares se encontra politicamente arrumado (e quem disso duvida, recuemos no tempo até Janeiro de 2006), Cavaco ainda por aí anda e parece que com bem mais consciência do que quando era. Será caso para se falar de Prof. Cavaco e Sr. Silva? De que outra forma se pode considerar que o homem que agora defende a aposta no mar (Cavaco reforça necessidade de aposta no mar, Rádio Renascença, 21/Out/2010) seja o mesmo que, enquanto PM e com fundos comunitários, patrocionou o abate (extinção?) de grande parte da frota pesqueira portuguesa?

De facto parece impossível que "Face às elevadas quantidades de consumo de peixe per capita, surpreende que não façamos mais esforços para aumentar a sua produção. Para um país que tem, impreterivelmente, que de reduzir as suas importações e aumentar as suas exportações, dá que reflectir.".

Talvez possamos no entanto reflectir num desses belíssimos submarinos em que a dupla Santana/Lopes afogaram uns quantos euros, que tanto jeito estão a dar à amiga Merkel!



Tuesday, October 19, 2010

O recém descoberto sentido de dever patriótico

Paulo Rangel apela à abstenção por "dever patriótico"

Vindo de quem vem é caso para dizer que mais vale tarde que nunca. Ou será? Desde que os Governo anunciou, no passado dia 29 de Setembro, as medidas de austeridade para o OE, que inúmeras personagens ligadas ao PSD se têm desdobrado em sucessivos comentários ao que deve ser feito. Enquanto que o querido líder bate começou pela tecla da negação, para mais recentemente ceder um pouco à da troca de favores. Porque é isso de que efectivamente se trata quando ouvimos falar em negociar o OE! Nos últimos vinte anos, dois partidos têm-se dividido na governação, atacando-se ferozmente e em nada diferindo. Nada! O maior problema do PSD pré Passos Coelho residia precisamente nesse ponto: não havia oposição possível a um governo que cumpria escrupulosamente o seu programa de Governo. Até que Passos Coelho achou por bem mostrar que estava vivo, apresentando uma revisão constitucional que tinha por objectivo maior fazer barulho.

O que Passos Coelho não esperaria é que o barulho produzido fosse de tal forma que, mesmo contra um governo desgastado por uma intensa crise, as sondagens dessem uma clara derrota ao PSD. Aqui é que a coisa começa a correr mal. A Portugal entenda-se!

Fazendo um apanhado do mês de Setembro, dificilmente haverá um dia em que Passos Coelho não tenha aparecido esbaforido nos jornais a dizer que não apoiaria a aplicação das medidas recomendadas internacionalmente (e que a sua antecessora também havia defendido), ou a dizer que não disse o que disse (a propósito da revisão constitucional), ou ainda a antecipar um OE em que, como toda a gente já saberia na altura, se iria abster para permitir a sua viabilização.

O resultado não poderia ser mais irónico. No mesmo dia em que o EUROSTAT (através da divulgação de dados) dava razão ao Governo, relativamente a não ter alinhado por cortes de salários e aumento de impostos, o Governo anuncia estas medidas (e outras), e o PSD, mal conseguindo conter lágrimas de alegria, afirma estar contra (pudera, se não fossem essas medidas dificilmente teriam hipóteses numa luta eleitoral).


Não tenho grandes esperanças que as coisas mudem... Se fosse coerente consigo mesmo, o PSD votava contra. Se houvesse coerência na Assembleia da República, toda a oposição votaria contra. E o orçamento chumbava. E o governo caía. E então seria o vê se te avias, mas com uma certeza: para o Zé Povinho, pior não fica!

Thursday, September 30, 2010

O adeus de Sócrates

José Sócrates divulgou ontem um dos mais ferozes ataques ao bem estar português. Pela forma como o fez (e outros estarão mais aptos que eu para o julgar) acredito que lhe custou. Não sei se pelas medidas (como ele disse), se por perceber que perdeu assim grande margem de manobra para as legislativas, que se calhar até vão acontecer antes do esperado.

A receita com que os portugueses levaram ontem, é a receita que tem sido largamente recomendada aos países que se viram sobre enorme ataque especulativo na recente crise. Receita essa que tem produzido excelentes resultados, como o "milagre" Irlandês parece demonstrar, com o risco de entrar em nova recessão a ser mais alto que nunca! Numa coisa este Governo me pareceu acertado, e foi precisamente em não seguir escrupulosamente essas medidas. O resultado, conforme os dados cedidos pelo INE ao EUROSTAT indicam, são os que Portugal apresentava um reduzido crescimento. Seria porventura fraco face ao que os mercados esperavam, mas era dos países da zona de risco o único fora do vermelho.

A pergunta seguinte é: então porque continuava o nosso risco a subir?

Bom, em grande parte surge aqui a necessidade de protagonismo de alguns egos da política nacional. Um dos partidos trocou recentemente de líder. Com essa troca houve não só uma mudança de estilo, mas parece-me que também uma mudança de responsabilidade e de estratégia. Parece claro, agora que largos meses passaram que a estratégia da oposição seja a de criar um clima tão instável que o país tenha de ir a votos antes de tempo. Parece que foi conseguido! Depois de o Presidente, que sabe o impacto apaziguador (ou não!) que tal medida teria nos mercados, se ter recusado a dar esse docinho a um dos partidos que o apoiarão nas próximas eleições, foi a vez de se passar aos comentário na comunicação.

Quando penso no mês de Setembro, praticamente que não há um dia em que um determinado líder partidário não tenha vindo opinar, não tenha tido algo para dizer, não tenha apresentado uma medida, bastantes delas gravosas e lesivas para os portugueses. Todo este barulho de fundo contribuiu em grande parte para que a parca melhoria de Portugal ficasse afogada por um cenário de alta instabilidade política. Que conduzia semana após semana à redução da confiança dos mercados.

O cerco estava montado! Mais importante para o país do que as birrinhas de Passos Coelho (e de quem leva ou não para as reuniões com o Primeiro-Ministro) é saber o que foi dito pela OCDE ao Governo, que o levaram a mudar de política mais rápido que um piscar de olhos. É verdade que estas medidas chegam atrasadas, face ao que são as recomendações da comunidade internacional, mas não é menos verdade que ess(t)as medidas ainda não resultaram em mais nenhum país, e num caso específico até contribuem para agravar a situação. Sócrates sabe-lo, daí o ar quase lavado em lágrimas com que falou ao país, e sabe também que com estas medidas precipitou a queda do Governo e a impossibilidade de o PS ganhar as próximas eleições. Que lhe sirva o consolo do velho ditado que depois de mim virá, quem de mim bom fará!

Friday, August 13, 2010

Acudam ao pobrezinho!

Almerindo Marques, cidadão português, gestor público da pública empresa Estradas de Portugal (e antes da não menos pública RTP), insurgiu-se contra o "populismo desbragado de que toda a gente que recebe mais do que um salário mínimo é um parasita social". (Almerindo critica corte nos prémios dos gestores públicos, in Diário Económico online)

Tal afirmação surge relativamente ao congelamento dos prémios para gestores públicos anunciados até 2011. Como Almerindo tem (penso eu) estado em Portugal nos últimos dez anos, deduzo que se queixe dos congelamentos relativos a 2010 e 2011. Congelamento, diga-se de passagem, dos prémios!

A este propósito, considera ainda ser "um mau serviço que se está a prestar ao país sobretudo quando há tantos outros problemas" e "não é bom para os gestores públicos nem para os privados, nem [agora sim vem a consciência social] para os cidadãos em geral nem para os portugueses em especial". Tal injustiça prende-se com o facto de os visados trabalharem "com empenho, dedicação e esforço para além do razoável".

Como cidadão que aufere acima de 25 salários mínimos (quem fizer as contas verificará que o número se aproxima mais de 30, mas não quero ser acusado de populista desbragado), Almerindo encontrá bastantes cidadãos solidários com a sua luta contra os congelamentos dos prémios. Aliás, contra o congelamento dos prémios e dos salários. Encontrará também imensos cidadãos que auferem de valores bem mais perto dos 500 euros (cerca de 3,5% do público salário de Almerindo - mais uma vez números por baixo). Nas fileiras dos, como ele, servidores do Estado encontrará então muito mais gente, uns felizardos que auferem entre dois e quatro salários mínimos, valores que pouco ou nada mudaram nos últimos cinco anos. Pouco ou nada porque após um período de congelamento de prémios e de salários abaixo de 3000 euros (Almerindo não o sentiu certamente), houve um ligeiro aumento, correspondente a cerca de metade do valor da inflacção, para de seguida novo congelamento. Nestas fileiras de trabalhadores públicos (como Almerindo) que não possuem o cargo de gestor (ao contrário de Almerindo) muita gente concordará que quem aufere mais de um salário não é um parasita social.

Como Almerindo, também eles sacrificam muito do seu tempo em nome de um "empenho, dedicação e esforço para além do razoável", só que ao contrário de Almerindo, há muitos anos que têm vindo a sofrer com as decisões dos "Almerindos" e seus superiores.

Numa altura em que ainda não se falava de crise internacional, já os portugueses em especial eram visados por congelamentos de salários e prémios e nessa altura nenhum gestor abria a boca a manifestar-se contra. Quando estes portugueses em especial eram (ou são?) vítimas de aumentos trimestais do preço dos transportes, aumentos anuais da conta da luz, do gás, da água e dos produtos alimentares, não se ouviram os Almerindos. Quando o cinto dos portugueses, de tanto apertar, precisa que se façam novos furos, é normal que o couro que vai ser removido se queixe, mas senhor Almerindo, como é que justifica congelamentos de salários na sua empresa se não der o exemplo? É que sabe, há uma grande massa de gente que não é parasita social, mas precisa de ver e sentir que esta crise toca a todos. Para si é só de agora, os portugueses sabem-no, mas para os portugueses em especial não!

Portanto, caro Almerindo, se de facto tam dificuldades em colocar comida na sua mesa e dos seus filhos, não consegue arranjar um emprego devido à sua idade, ninguém lhe oferece mais de 500 euros (é 3,5 % do seu ordenado!)em cada entrevista de emprego a vai, então sim queixe-se e com razão, porque há uma massa de portugueses em especial que não sabe como fazer para pagar a renda, a água, o saneamento, a luz, os transportes, a saúde, a alimentação e no fim ainda poder dar uma educação aos filhos e esses também não são parasitas sociais, mas são tratados pelos Almerindos como tal.



Wednesday, August 11, 2010

11 de Setembro

A um mês de se celebrarem 37 anos sobre o 11 de Setembro, vou publicar algumas das afirmaçoes de alguns intervenientes (de acordo com a wikipedia).

"I don't see why we need to stand by and watch a country go communist due to the irresponsibility of its own people. The issues are much too important for the Chilean voters to be left to decide for themselves." — Henry Kissinger

"Not a nut or bolt shall reach Chile under Allende. Once Allende comes to power we shall do all within our power to condemn Chile and all Chileans to utmost deprivation and poverty." — Edward M. Korry, U.S. Ambassador to Chile, upon hearing of Allende's election.

"Make the economy scream to prevent Allende from coming to power or to unseat him" — Richard Nixon

Wednesday, July 28, 2010

Em Brasa

Certo dia num café de uma aldeia, cujos terrenos haviam sido lavrados recentemente por um incêndio florestal, ouvi um dos presente afirmar que "no dia em que se acabarem os bombeiros acabam-se os fogos".

Passados alguns anos, o Concelho onde passei grande parte das minhas férias foi vítima ele de um fogo que consumiu pouco menos de metade da sua área florestal e cercou várias aldeias. Tudo seria irrelevante se o referido incêndio não tivesse começado ao lado de uma albufeira cheia, onde um (e apenas um) helicóptero prontamente destacado teria resolvido a questão antes de se tornar algo dantesco.

Tudo são factos distintos, mas será que ao fim de tantos anos de flagelo, não vai sendo altura de deixar de entregar a protecção florestal a grupos de estudantes de férias e obrigar quem anda nas carrinhas vermelhas a preparar-se como deve ser. Nem que seja para que passem a fazer algo mais do que ir lá com as mangueiras para o rescaldo...

Tuesday, July 20, 2010

A Proposta


(in Henricartoon 16/Jul/2010)

A única incorrecção do cartoon acima reproduzido é que o casamento parece mais do que certo. Ou será que a aquela declaração de amor, encapotada de revisão constitucional, afinal não é uma declaração de amor e tão só um affair?

Monday, July 19, 2010

Conta-me História(s): sobre inocência e indecência.

Ricardo Araújo Pereira começa uma das suas crónicas na revista Visão do seguinte modo:

"'A História repete-se, primeiro como tragédia, depois como farsa'. Aqui está mais uma frase de Marx que demonstra o modo como, em certos aspectos, o seu pensamento está desactualizado ou incompleto." (in Boca do Inferno, 24 de Set de 2009)

Continua depois, referindo-se ao Watergate português, que de resto foi muito mais útil para humoristas do que para jornalistas.

O motivo deste início prende-se com o imenso barulho que tem surgido a propósito de uma revisão Constitucional há muito desejada por alguns sectores da sociedade, em particular aqueles que vivem à custa da exploração dos outros e que não são aquilo a que se pode chamar de inocente no actual cenário de crise económica.

Uma revisão atenta de alguns episódios históricos chama-nos a atenção para o facto de, em momentos de crise acentuada e falta de pão na boca, seguir a primeira pílula dourada pode, a longo prazo, ter consequências que não só nos prejudicam, como podem mesmo envergonhar-nos.

Certamente que quem, no nascimento desta nossa centenária República, andou a louvar os heróis da mesma, não contava que esses heróis depressa se perdessem em tricas e questiúnculas. A verdade é que ainda a República não era uma adolescente e já os militares marchavam de Braga, a 28 de Maio de 1926, para porem o país na ordem, dando início à Ditadura Militar que só acabaria com a instauração (oficial...) do Estado Novo, com a Constituição de 1933.

1933 foi de resto um ano muito bom para os povos em crise. Numa Alemanha de rastos e humilhada, como resultado do acordado em Versalhes, um jovem político de ascendência austríaca é nomeado Chanceler alemão, após uma votação deveras favorável do seu partido. O jovem chamava-se Adolf Hitler, e o seu partido era o Nacional-Socialista, Nazi para os amigos!

No entanto em 1933 também aconteceram algumas desgraças. Em particular o New Deal do presidente Roosevelt. Uma consulta rápida aos meus apontamentos do nono ano revela qualquer coisa como uma aposta em grande obras públicas, controle de preços e parece que diminuição do horário de trabalho e da idade da reforma, parece que como forma de criar mais emprego. Na mesma América, uns anos antes, havia um fulano que como forma de aumentar a sua fortuna pessoal, deu aumentos ao seu pessoal e investiu na sua especialização. Parece que se chamava Ford e o seu apelido nunca terá sido associado à marca de calhambeques que produzia.

Os perigos que se abatem sobre Portugal nos próximos anos não são novos. A humanidade já passou por eles. Nós já passámos por eles e esse é o primeiro sintoma de que algo está profundamente errado.

Já no plano das curas, temos internamente a tentativa de limpar da Constituição todo aquele lixo dos tempos em que a esquerda se preocupava mais com 'quem vai aos bolsos a quem' (por oposição com o actual 'quem dorme com quem', para não mencionar aqui actos sodomitas...). Lixo como o direito à saúde, à educação e até a alguma justiça, ou a necessidade de equilíbrio político (em abono da verdade, a queda de um Governo implica a queda de um Parlamento e um acto eleitoral) A curiosidade é que isso nos deixaria ao nível social da América onde se iniciou a actual crise (e a de 1929 também!), com um sistema social ainda mais precário do que o do Portugal de 1933, mas com um presidente (do Conselho dirão algumas vozes...) com poderes equivalentes. Pedro Passos Coelho defende estas propostas, resta saber se os portugueses, que graças a Sócrates podem saltar o nono ano, vão na cantiga...

Thursday, July 15, 2010

Vodafone, Fodavone; Telefónica, Telefódica! (Contém linguagem verdadeiramente badalhoca!)

Com o fim do Campeonato do Mundo de futebol regressa-se à normalidade. Com a nossa eliminação precoce já faz uns tempos que andamos entretidos com outros temas. Portagens, companhias de comunicação e futebol. Estranhamente, este ainda muito, muito pálido. Tão pálido como o tom de verde que se prepara este ano para as bandas de Alvalade.

A propósito das escolhas tácticas do Queiroz andei a rever uns videos de jogos entre Benfica e Sporting. Jogos destes são muito mais que um jogo de futebol. O Benfica-Sporting (e/ou vice-versa) é apenas e tão só o duelo mais apaixonante do futebol planetário (também não faço as coisas por menos), e não há 'café com leite e cestas de fruta' que provoquem o contrário. Ou será que há? A julgar pela amostra de pré-temporada (até ao momento!), parece que se vai tornar um daqueles dérbis em que um clube pequeno tenta fazer mossa num maior. E quem perde é o futebol português! De resto é triste ver um clube histórico ser, no sentido figurado, sodomizado por um clube de figurados gorilas, fornecedores de lacticínios e plantadores de pomares... Se no final da época tiver de escrever algo a elogiar o bom trabalho desenvolvido no clube com a melhor massa adepta portuguesa (ou, vá lá, a menos arruaceira), fá-lo-ei com muito gosto, mas para isso acontecer, muito terá de mudar!

Quanto às portagens já me exprimi num post anterior e pouco mais há a acrescentar do que, há hora a que escrevo, ainda decorrem as negociatas para saber em que moldes se vai assaltar o bolso esburacado dos portugueses.

Finalmente as companhias de comunicação! O insustentável da situação em Portugal, praticamente pode ser visto neste caso particular. Ao que parece, a PT e a espanhola Telefónica são donas, em partes iguais, da brasileira Vivo. Brasileira que opera no Brasil. Que é actualmente um dos principais actores na cena mundial. Com um mercado crescente e sedento na área das telecomunicações. Claro que em tempos de crise, a Tele-parceira fónica também ficou mais sedenta e vai de armar uma operação telefódica. Ora o Governo, num acto de aparente sanidade, deciciu fazer uso de uma ferramenta, muito contestada por quem anda de dentes afiadinhos, para vetar esta real Foda. Para a oposição (e para o tele-parceiro) tal acto é inadmissível. Para os 'investidores', figuras nebulosas e indefinidas, entre os quais desconfio que alguns tanto o são da PT como da Telefódica, também. E para alguns políticos, chamemos-lhes genericamente "Miguel de Vasconcelos" foi a hora de ir apaparicar o prato que lhe dá de comer. Croissants, provavelmente!

Na verdade, os resultados da exploração da Vivo pela PT, dificilmente entrarão nos bolsos do comum dos portugueses, mas a verdade é que a manutenção daquela posição, por uma empresa que ainda faz entrar 'algum' nos cofres do estado, permite evitar que ainda se tire mais dos bolsos dos Portugueses! A verdade é que quem mais se insurge contra a posição do Governo são os equivalentes do século XXI aos que nas Cortes de Tomar, em 1581, aclamaram Filipe II (de Espanha). A memória portuguesa pode ser (e é) curta, mas a prova mais acabada do falhanço de tudo quanto se tem feito em políitica de educação, está patente neste caso: não sendo necessárias padeiras, é importante que não se confunda Miguel de Vasconcelos com Egas Moniz. O primeiro era um investidor da Telefódica, o segundo um homem de príncipios, como há muito anda arredado do "jardim à beira mar plantado"...

Friday, July 2, 2010

CHIPalhada à Portuguesa

A questão do chip (ou não) nas SCUT, as auto-estradas sem custos para o utilizador, parece ter chegado ao fim. Tendo começado com a vontade do Governo em, ao abrigo do PEC, começar a cobrar algumas. Todas a Norte. Em particular, todas em redor do (Grande) Porto.

Ora esta vontade, expressa no PEC, não tem origem no PEC. Vinha já expressa no Programa de Governo, que é como quem diz: foi um dos motivos pelos quais o Governo foi democraticamente eleito! Assim sendo, o sururu que provocou a nível nacional é estranho.

Das poucas vezes que me desloquei ao Porto, para lá da simpatia das gentes e da qualidade generalizada do que se come, saltou-me à vista mais duas coisas. A primeira é que a pedra escura dá à cidade um tom pesadão. A segunda, que existem por lá auto-estradas de três (e quatro?) faixas, em excelente estado de conservação que ninguém paga.

Em Lisboa, por outro lado, temos a A8 (paga), a A9 (paga), a A5 (paga), a A2 (paga) e a A12 (paga) que eu me lembre... Repararam no denominador comum? Pois! Pode-se ainda referir que a A2 e a A12 cruzam, cada uma, uma ponte. Sabem quantas pontes são pagas no Porto? A do comboio/metro/eléctrico!

Face a esta gritante injustiça havia obviamente dois caminhos: ou pagam todos, ou não paga nenhum. Nesse jeito que é bem nosso, paga tudo! Claro que para quem tem de começar a pagar para andar na estrada, isso parece injusto. Claro que eu até preferia que ninguém pagasse, mas como para alguns o que está a sul do Douro é tudo igual (dunas de areia?), não é de estranhar que a única solução de compromisso seja a de considerar igual uma qualquer AE de acesso ao Porto, com uma AE que visa essencialmente evitar a desertificação do interior, ou uma que visa reduzir a circulação por vilas e aldeias, com os inerentes resultados na saúde dos locais e na sinistralidade rodoviária.

A partir deste momento, e caertamente já a pensar nos directores que irão nomear na próxima legislatura, os dois partidos com maior representação parlamentar começaram a discutir como pagar. Bom, 'como' não. Para um partido (o que se auto-intitula o "maior" da oposição) havia ainda que discutir 'o que portajar', face à injustiça gritante que se verificava em portajar apenas o acesso a um grande centro urbano. O resultado foi essa solução de consenso que hoje vem na maioria da comunicação social: portaja-se tudo, mas o chip é só para quem quer!

Traduzindo o acordo ficamos assim: quem queria portajar uma parte, acaba a portajar o todo e, como tal, a ter mais receita. Quem diz que o actual governo é mau e injusto, acabou a fazer sofrer 'o justo pelo pecador'. Será esta alternativa melhor do que o que temos, ou será mais do mesmo? (Quase que arrisco perguntar se será ainda pior...)

Wednesday, June 30, 2010

Professor Carlos e Senhor Queiroz, a Conclusão (por agora)

Escrevi aqui no blog, há uns tempos, sobre a capacidade de Carlos Queiroz ser capaz do melhor e do pior.

Tive o prazer de ver o jogo Portugal-Espanha num ambiente internacional. Ao intervalo do jogo, todos os que perguntavam pelo resultado tinham, por parte do único espanhol com cojones para ver o jogo no meio da comunidade lusa, a resposta de "Espanha perde 0-0", numa alusão ao sentido que o jogo estava a ter. Contrariando de resto a opinião expressa a posteriori pelo seu selecionador!

O que vi ilustra o que também já tive oportunidade de comentar. Portugal apareceu na África do Sul com a defesa mais forte em prova. De resto, exeptuando o jogo com a Costa do Marfim, apresentou uma capacidade ofensiva que me surpreendeu e à qual um bocadinho mais de sorte poderiam ter vaticinado melhor sorte.

Ao intervalo comentava com os outros portugueses que "agora até acredito que não precisamos dos penaltis", numa alusão à sensação que seríamos campeões sem marcar golos. Pressuposto que se baseava numa defesa de ferro, que começava no ataque e que deixava para a defesa as sobras. Para quem não percebe, reveja o jogo com o Brasil, os primeiros 55 minutos e os últimos 10 minutos, ambos de ontem!

No entanto havia um factor com que não contava. O factor Senhor Queiroz! Por motivos ainda por decifrar, Carlos Queiroz não gosta de estar em vantagem sobre um adversário! Será ou o treinador mais generoso do mundo, ou o de mais fracas convicções. Senão façamos uma breve análise de momentos marcantes da carreira:

1994, Alvalade, Sporting 3 - Benfica 6
Nesta tarde memorável para o SLB, ao intervalo o jogo estava 3-2 a favor dos forasteiros. No recomeço, Queiroz deixa o defesa esquerdo no banco, para lançar um médio ofensivo. Toni (o tal que parece que ajudou a Costa do Marfim) manda o Benfica passar a atacar por ali. Passar é o verbo correcto porque o Sporting tinha uma das melhores equipas da sua história, foi atropelado por um Benfica, em casa e acabou a época sem títulos.

2008, Alvalade, Portugal 2 - Dinamarca 3
Nesta noite memorável para os vikings, Portugal atacou muito (e mal!) mas a dez minutos do fim apenas ganhava por 2-1. Então Queiroz decide intervir! Vai de tirar Hugo Almeida, o único em campo com arcaboiço para suster o poderio físico dos Dinamarqueses. Num espantoso (mas não imprevisto) volte-face, até os visitantes ficaram abismados com o resultado que conseguiram, uma vez que estavam felizes com o perder por poucos... Ah! Portugal ainda conseguiria um empate a 0 com a poderosa selecção albanesa!

Ontem, 2010, África do Sul, mais uma vez Hugo Almeida, o homem que segurava os centrais espanhóis no seu meio campo, ou perto dele, permitindo a Simão e Ronaldo serem magnificamente anulados pelos laterais espanhóis (que também não subiam). Factos que parecem de somenos importância, não fosse o facto de Danny não intimidar ninguém! Aos 56 minutos, e talvez aborrecido por não estar a perder, decide mudar o desenho táctico. A consequência? Os laterais espanhóis começam a subir e no espaço de 15 minutos a Espanha marca um golo e cria ocasiões para mais dois ou três. Queiroz reagiu, voltou a colocar um ponta de lança, mas o estrago estava feito, Liedson nao segura jogadores da craveira de Puyol a lado nenhum e a ganhar nem precisavam de arriscar nada...

A finalizar uma nota aos jogadores. Deco não devia ter posto os pés neste Mundial! Apraz-me ver a coerência dos que criticaram Rui Costa quando afirmou que a final do Euro 2004 seria o seu último jogo (depois de também o terem empurrado de lá para fora) e agora defendem que Deco devia jogar. Um jogador que fala como ele falou da selecção antes do Mundial, não faz falta. Moutinho, Martins e até Maniche ou Manuel Fernandes fariam mais e melhor do que Deco fez (ou tem feito)!
Ronaldo devia antes perguntar ao Queiroz porque jogou tantas e tantas vezes mal! Porque o deixava ficar em campo quando ele se tornava o primeiro defesa da equipa adversária, porque insistia num campitão mimado, que antagoniza o público (Portugal-Albânia, Municipal de Braga, Setembro 2008) e agora incendeia uma opinião pública frustada? Ser capitão também é pensar as palavras...

Tuesday, June 22, 2010

A História contada por alguns...

No site da wook (wook), encontra-se o extracto que abaixo transcrevo, referente a Saramago:

"Oriundo de uma família humilde, José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que
não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses.
" [o destaque é meu]

Certamente que no ano de 1975, e na readacção do DN em particular, os conceitos de "postura cívica exemplar" diferem daqueles que teoricamente haviam chegado ao país no ano anterior. A menos que 'delitos de opinião' e um regime de imprensa que emocionaria o Querido Líder da Coreia do Norte (paradigma da liberdade lá para as cores ideológicas do exemplar) sejam aquilo que se deve vender como "postura cívica exemplar".

Certamente nos dias que correm faz falta alguém com pulso forte e força de vontade à frente do país. Alguém que ouse ir contra tudo de contra todos, mesmo que o tudo e o todos sejam o mais elementar conceito de liberdade ou de igualdade. Ou será que isso é o que já temos? Se for compreende-se o facto de como o ano de 1975 pode ser desta forma saneado da memória colectiva. Para alguns o 25 de Abril de 1974 foi o recuperar da liberdade, para os jornalistas do DN esse evento teve de esperar a saída de Saramago da direcção do referido jornal. Facto esse que o precipitaria no desemprego, onde por entre traduções várias se tornaria "um dos raros escritores profissionais portugueses".

Monday, June 21, 2010

Professor Carlos e Senhor Queiroz, ou a Selecção de todos nós (outra vez)

Manifestei neste espaço o meu desagrado pela forma como Portugal se anulou a si mesmo no jogo de estreia no Mundial. Nada de novo se a forma como a equipa lá chegou for tida em conta.

Neste mesmo espaço (e posso estar sob o efeito de uma bebedeira de golos, como não há memória!) venho manifestar a forma como acredito que pelo menos passamos a fase de grupos.

Depois da segunda ronda de jogos no grupo fiquei convencido de duas coisas:
-se o Brasil esperar que nós partamos para cima deles, o jogo acaba em empate e passamos todos;
-se a Costa do Marfim distribuir fruta aos coreanos, como deu nos brasileiros, o jogo acaba à meia hora de jogo, por falta coreanos em campo!

Quanto ao jogo de Portugal, quando se ganha por 7-0 não há grande coisa a apontar. Mais uma vez metemos uma bola no poste direito (ou esquerdo...) nos primeiros dez minutos, mais uma vez o Ronaldo fez mossa nas balizas (desta vez a eleita foi a trave), mais uma vez o Coentrão esteve em altíssima rotação (parecia um Coreano a correr à maluca pelo corredor) e finalmente se mostrou que o Deco faz muita falta ao banco da selecção.

Aliás, se alguma coisa se pode dizer hoje do Senhor Queiroz (o homem que deixou Deco no banco para jogar Tiago - que fez mais em 90 minutos que o Deco desde o Euro 2004) é que não devia ligar tantas vezes ao Professor Carlos (o homem que levou Deco e deixou Moutinho/Martins em terra - riscar o que não interessa, consoante o gosto de cada um)!

Wednesday, June 16, 2010

Estreia Mundial, só para os estrangeiros!

Num ataque de patriotismo dei por mim a ver o jogo de estreia da selecção no Mundial. Num ataque de algo que, para ser simpático para comigo, vou chamar de optimismo, ainda acreditei que Portugal marcava um golito ou outro à Costa do Marfim.

Depois do que vi ontem estou plenamente convencido que Portugal vai ser campeão do Mundo! Depois das trapalhadas da qualificação, penso que ninguém poderá por em causa a capacidade do Prof. Queiroz levar esta selecção aos títulos que de si andam arredados.

Senão vejamos: com a Albania, jogo fora, lá chegámos à vitória quase, quase ao cair do pano. Com a Bósnia, em casa, conseguimos não perder o jogo, com duas (ou três) magistrais defesas dos postes do Estádio da Luz e contra a Costa do Marfim...

Contra a Costa do Marfim viu-se o nascimento de uma nova forma de jogar. Se os italianos inventaram o catenaccio, Queiroz inventou o Ultranéscio! A forma de jogar é muito simples: como o adversário espera que tomemos a iniciativa do jogo, pegamos na bola e mesmo antes de passar a linha do meio campo entregamo-la de bandeja a um dos médios adeversários que por ali se passeiam. A verdade é que eles ficam tão desnorteados que quando chegam à baliza falham cabeceamentos e oportunidades feitas.
Claro que esta táctica pode vir a surpreender muita gente. Eriksson foi apenas a primeira vítima. Pelo menos a Coreia do Norte e o Brasil já sabem que Portugal não está ali nem para ganhar nem para jogar. Mas isso é algo que só surpreende quem não acompanha esta selecção...

Em jeito de comentário final, uma palavra de carinho para o Deco. É um atentado aquilo que fazem com ele em campo! Quando ele se queixa, fá-lo e com razão, porque o que se tem visto, desde a final do Euro 2004, é que a verdadeira vocação do Deco é para trinco (ou seja, a jogar pelo meio como se quixou)! De resto nessa função tem sido exímio, cortando jogada atrás de jogada da equipa das quinas. Talvez seja o cansaço de que se queixava antes do Mundial. Pena que jogadores menos cansados, como o Moutinho ou Martins, tenham ficado em terra...

Wednesday, April 21, 2010

Sacrificios disse ele

Eis aqui uma bonita analise ao que e a administracao/gestao a portuguesa.
Se ao menos nos nao gostassemos, mas a verdade e que gostamos. Gostamos e aplaudimos!

Apresentacao

Bom, farto de ler e receber coisas por ai escritas, decidi comecar a publica-las, em vez de mandar por email e encher as caixas de correio com lixo. O que esperar deste blog? Bom, posts de coisas que me chegam por correio, desabafos e intervencoes nessa onda. Afinal, para divulgacao e publicacao ja ando metido noutras andancas.