Monday, August 1, 2011

As Armas Assinaladas

 Há uma lista de coisas para privatizar em Portugal. Apesar de achar que o próprio privatizar em Portugal padece de uma lógica muito pouco mercantilista, isso será abordado noutro tópico. Neste vou abordar apenas a  imagem que tenho da TAP neste momento, por haver pontos que considero importantes.

 Tenho nos últimos cinco anos, como se sabe, recorrido regularmente aos serviços de várias companhias aéreas e a TAP ocupa neste momento o topo das minhas preferências. Tive ainda o privilégio de conhecer e voar na TAP antes de Fernando Pinto e de conhecer a nova companhia, dirigida por este brasileiro que as mentes mais salazaristas desta terra insistem em dizer que vá para a terra dele. Eu acho que o que nos faltam é mais portugueses como ele.

 Nunca percebi muito bem o que é isso de companhias bandeira, mas a TAP de Fernando Pinto mostrou-me: uma pessoa ainda antes de chegar a um país, já está a ser embrenhada nele, a ser conduzida pelos seus recantos. por exemplo os produtos alimentares que poderiam ser uma qualquer marca branca, mas a companhia teimosamente insiste em que sejam marcas portuguesas (exeptuando a cola). A revista é um brilhante passeio por Portugal, apesar de ter sempre um destino da companhia. Aliás, a revista da TAP é um monumento à divulgação do país, num país que parece contar no boca-a-boca para se promover. Nesse aspecto a revista da TAP leva o passageiro a cantos inexplorados, com entrevistas que servem simultaneamente de roteiros culturais e gastronómicos e um espaço de excelência para a divulgação das nossas gentes no Mundo.

 Por outro lado, parece haver quem se esqueça que Fernando Pinto, veio para a TAP com o objectivo de lhe dar a volta que faria dela algo atractivo para se privatizar e quando se diz privatizar não se diz vender ao desbarato sem qualquer salvaguarda do que a companhia representa para o país como muitas mentes iluminadas parecem querer (eles lá saberão quem lhes paga a iluminação).

 Porquê este comentário hoje?  Bom, por dois motivos, primeiro porque a aposta de Fernando Pinto no mercado brasileiro (e apesar de não o dizerem, o africano também) é aquilo que torna a TAP uma marca incontornável no mercado da aviação mundial. Para esses seres pequeninos, que gostam da sua mente pequenina, e que o único conhecimento que têm da TAP é o que lêem nos jornais ou vêem passar por cima das suas pequenas cabeças recomendo o seguinte parágrafo da notícia abaixo:



Citado pelo The Times, revelou estar "particularmente interessado na TAP porque tem uma rede muito forte para o Brasil".

"Eles são o 'player' número um entre a Europa e o Brasil", vincou Walsh.



 Outro motivo que me leva a falar disto hoje nem se prende com o que eu acho que é falta de visão estratégica sobre o que se quer privatizar é a notícia de que finalmente se envontrou um comprador para o BPN, banco que como consta das contas públicas sorveu já perto de 10 mil milhões de euros aos cofres do Estado. (Para quem não percebe muito bem o que se passa é o seguinte: os desvarios de uma entidade privada são pagos pelo dinheiro de todos.)

 Muitos rumores vieram público e entre eles a de que existiria uma proposta de 100 milhões de euros para o referido banco. No entanto foi vendido por 40 milhões. Ou seja, um banco que sorveu já perto de 13% do que vamos receber do fundo de resgate (e do qual pagaremos juros), foi vendido por algo que um vencedor do jackpot do euromilhões poderia comprar e ainda sobrarem uns trocos.

Mais importante do que as secretas provarem o que não fizeram, seria os proponentes derrotados dizerem publicamente as propostas que não fizeram, porque neste reino de transparência em nos tornámos, o BPN ir para um consórcio liderado por Mira Amaral ao preço da chuva e com o Estado a assumir as despesas dos despedimentos parece-me algo demasiado baço. (E acrescento, onde andam os defensores de que há Estado a mais neste caso?)

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