Tuesday, March 15, 2011

Os Homens e a Luta (Parte II)

De um ponto de vista de personagem, Neto e Falâncio movem uma enorme massa humana, mas será que essa enorme massa humana se revê de facto na música?

A pergunta surge porque quem trouxe para a ribalta estes artistas foi um concurso que, convenha-se, há muito que prima pelo perfil tímido e que se apresenta mais como uma coisa que tem de ser do que algo que merece ser disputado. Nada a ver com outros tempos...

Uma análise cuidada às regras do concurso dizem que os Homens da Luta foram vencedores a cumprir as regras (como Fernando Tordo notou na RTP, logo eles que são tão famosos por as esticarem) e as regras diziam que o público tinha peso na matéria. Eu poderia partir para o comentário demasiado fácil e dizer que se calhar devíamos ter um parlamento mais como o festival, mas não o vou fazer... Cientes disso os Homens da Luta iniciaram uma campanha para que os seus fans votassem neles. A campanha deles não foram duas mensagens no facebook uma semana antes dos resultados! A campanha deles foi repetida à exaustão, um convite a irem ao site do festival (onde todas as músicas estavam representadas), a votarem neles para, primeiro, serem escolhidos, então, para ganharem. Foi uma abordagem muito profissional, como diz Paulo Morais no seu blog (Marketing Digital: Uma lição dos Homens da Luta para vencer na rede).


Tentar que música A Luta é Alegria não vá ao Festival como representante luso funciona quase como elogio à música e confere-lhe uma aura que ela não tem, fazendo lembrar outras touradas... Face ao que eles já fizeram a música nada tem de revolucionário e/ou político. Como as regras do festival determinam. Se quem ouve esta músia ali revê qualidades políticas, então quando ouve o L-Pod deve ficar com os pelos do rabo eriçados!

O L-Pod, para quem não sabe é o (esse sim) revolucionário álbum, distribuído num bonito leitor de MP3 com espaço ainda para juntar o hino festivaleiro, umas quantas da Deolinda, um José Mário Branco e/ou uma banda do exército. Também se pode simplesmente apagar aquilo e colocar lá dentro os Nocturnos de Chopin e/ou o Requiem de Mozart, o álbum tem essa versatilidade, não prende, não amarra, não obriga a ficarmos com o que não queremos.

Há quem acuse os Homens da Luta de falta de qualidade musical. Concordo que esta será talvez a sua canção menor. Como não sou musicólogo não vou avaliar isso. Agora rotulá-los de artistas menores é errado. Pode haver quem não goste das letras, quem não goste da mensagem e até quem não goste do visual, e por todos esses motivos tentem calá-los e rotulá-los de artistas menores, mas a música que fazem é boa música, que não precisa do visual para chamar fans. Depois de um dos mais aliciantes projectos no punk-rock nacional, Jel e o irmão viraram 180º e deram-nos um dos melhores projectos de música portuguesa. Em vez de os aplaudirmos vaiamos. Não faz mal... 

Nas notícias sobre sábado, um jornal espanhol, de seu nome El País, achou que devia rematar a notícia com a presença dos representantes de Portugal na Eurovisão. E nós sabemos como os espanhóis nunca nos dão pontos...


 

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