Wednesday, January 11, 2012

Os Pintelhos Contra-Atacam

 Em Novembro comentei aqui o momento em que Eduardo Catroga revelava que hoje em dia os jovens já não desejam tachos. Claro que para se querer algo convém haver e, no que a tachos diz respeito, a geração dos Catrogas e Silvas (e companhia [i]limitada) apoderou-se de tantos que duvido sinceramente que haja um púcaro de barro para distribuir fora da pandilha.

 Eduardo Catroga, o homem que o actual Primeiro-Ministro escolheu para negociar com a chamada troika as medidas de austeridade (e que mesmo assim o actual Primeiro considera - ou dizem-lhe para considerar - ficarem aquém do necessário) sabia de facto do que falava em ambos os casos.

 No que se refere a privatizar, quando defendeu a privatização da EDP fê-lo porque é mais fácil desculpar a sua  entrada (e dos seus correlegionários) numa empresa onde o Estado (leia-se todos nós) não tem mais nada a dizer, pese o facto de ocupar uma posição monopolista no mercado livre da electricidade em Portugal.

 No que se refere a Estado Social podemos abordar desde o prisma sério, segundo o qual um indivíduo que aufere de reforma cerca de vinte (20) salários mínimos vai acumular a este pecúlio mais cerca de noventa e seis (96). Para quem não percebe se a conversa deve começar pelo salário de que vai auferir, ou a pensão com que vai acumular, eu proponho que se discutam não números mas verbos. No caso o verbo acumular e como se permite (a alguns) acumular reformas e salários, em muitos casos ambos a roçar o pornográfico. 

 No estado normal das coisas, se alguém está a exercer uma actividade remunerada, não deveria ter direito a reformas equivalentes a vários salários mínimos, muito menos pagas pelo Estado (leia-se todos nós). Numa situação de crise económica, esta limitação deveria ser ainda mais zelosamente inspeccionada.

 Por outro lado, numa redução ad absurdum, o facto de Catroga e correlegionários serem os escolhidos de ocasião para fiscalizarem os negócios da China vem contribuir indirectamente para o desemprego jovem. Quantos e quantos meninos das jotas ficaram por servir nesta distribuição de arroz? De facto os jovens de hoje não podem esperar tachos, diria mesmo que nem tigelas de arroz, enquanto houver por aí uns funileiros a fazerem-nos à sua medida... Mas isso, como Catroga diria, são certamente pintelhos!

 No meio deste burburinho todo há no entanto uma mensagem que nos mostra que Catroga é afinal uma pobre alma altruísta que pensa em todos nós. Ao afirmar que
“50% do que eu ganho vai para impostos. Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado com o pagamento dos meus impostos, e isso tem um efeito redistributivo para as políticas sociais”
Catroga desculpa o seu ordenado e em nome da saída da crise quase que nos encoraja a pedir que seja aumentado.

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