Tuesday, July 1, 2014

A Comissão Europeia, pós eleições para o Parlamento 2014 (Parte 2)

Escrevo estas linhas depois da proposta, pelo Conselho Europeu, de Juncker para presidente da Comissão Europeia. Não poderia ser de outra forma, goste-se ou não do homem e do seu comportamento enquanto presidente do Eurogrupo.

Escrevo estas linhas sem saber o que se passa na primeira reunião do novo Parlamento Europeu. Não sei se propôs, e se o fez, o que propôs Juncker fazer enquanto presidente da Comissão. Sei de umas palavras vagas sobre empreendedorismo, sobre inovação, sobre desemprego jovem (como se o desemprego de velhos com mais de 40 anos não fosse um problema). Não sei de nada. No entanto o Parlamento vai votar nele. Já o assumiram.

O que esperava, feita a nomeação, era que o Parlamento, antes de validar a escolha do Conselho, o ouvisse e votassem a visão e o projecto do homem.

Juncker está longe de ser um nome consensual. É um homem que desagrada a eurofóbicos, por ter sido presidente do Eurogrupo, por ser considerado um federalista, por ser a favor de mais Europa. É, pelas mesmas razões, um homem que desagrada a eurófilos, aqueles europeístas que não se revêm na actual União, que pedem e clamam por mais igualdade e mais democracia no processo decisório e que nestes dias tão injustamente são catalogados como eurocépticos. Só aqueles que esperam que nada mude, na esperança que tudo fique na mesma se alegram e regozijam com a provável eleição.

Todo o eurodeputado que votar em Juncker terá responsabilidades sobre as posições da Comissão nos próximos quatro anos. De cada vez que um deputado se levantar no Parlamento para criticar a posição da Comissão, deverá pensar como votou e porque votou nessa Comissão. O futuro para uma melhor União passa por mais união entre Parlamento e Comissão, não por maior subserviência da Comissão aos desmandos do Conselho. Seria bom que a próxima Comissão procurasse e encontrasse mais pontes com o Parlamento e que o Conselho ficasse mais e mais com a devida responsabilidade pelas decisões catastróficas que toma. Talvez nesse dia percebêssemos que quem escolhemos nas Legislativas é tão importante para o nosso lugar na Europa, como aqueles que escolhemos nas Europeias.

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