Wednesday, June 15, 2011

Veni, Vidi, Vici ou porque em política há mais que um vencedor

 Sendo certo que há vários derrotados, nem todas as forças políticas se podem queixar de lhes ter corrido mal a noite.

 A primeira força política que pode reclamar uma vitória é o PCP. Não é uma grande vitória, mas a verdade é que foi a única força das que se dizem à esquerda a crescer. Um deputado, é certo, mas para um partido em morte anunciada há vários anos, conseguir nesta altura capitalizar algum descontentamento, é uma vitória. O que acaba por ser um prémio pela coerência que enquanto força política o PCP demonstra. Poucos partidos... Ou melhor dizendo, apenas outro partido com assento parlamentar se pode gabar de ser tão coerente em termos de discurso, mas a esse já lá vamos.

 Em segundo lugar no pódio dos vitoriosos encontra-se o PPD. Para quem acha que o PPD de Pedro Passos Coelho é o grande vencedor da noite, basta recuar até à maioria absoluta de Sócrates. Num momento de desgaste como aquele a que o Governo estava sujeito, não conseguir uma maioria de partido único tem de ser encarado como uma vitória insonsa. A menos que o único objectivo do PPD fosse mesmo o de tirar Sócrates a qualquer custo... No fundo, no fundo, o que este resultado nos diz é que para Portugal, Sócrates ainda foi um bocadinho menos mau que Santana Lopes!

 No topo do pódio está a força que falta. A persistência de Paulo Portas já merecia que CDS-PP significasse Centro Democrático Social - Paulo Portas. Não é um novato nestas andanças, partilhando com Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã o facto de ter uma carreira profissional antes de se lançar na política. Pela segunda vez consegue forçar o PPD a ter de olhar para ele para poder formar uma maioria parlamentar. Na primeira vez a coisa até correu bem, tendo saído ileso dos desastres Barroso e Santana. Nesta fase, em que está tudo tratado, convém relembrar as afirmações de Santana sobre a dureza negocial de Portas. Se alguém houve que a sentiu na pele foi ele. Se alguém sentiu as consequências fomos todos: convém relembrar que a ministros do CDS podem ser imputados retrocessos na Justiça e o sistema de Segurança Social em vigor.

 A distribuir as medalhas ao pódio está o vencedor do prémio Platina: Cavaco Silva. Aquele discurso de propaganda no dia de reflexão, encapotado de discurso presidencial, só revela a interpretação muito lassa que Cavaco tem do sentido democrático. Tanto como os esclarecimentos que prestou sobre umas permutas no Algarve. Para quem não era vivo, ou se esqueceu, da liberdade nos tempos do Sr. Silva primeiro-ministro, basta ver como na generalidade da imprensa a crise acabou e Portugal quase parece a Noruega do Mediterrâneo. Tal como na generalidade da imprensa em 1994...

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