Friday, June 3, 2011

Vote, pela sua saúde!

 O título de hoje pode soar um pouco dramático, mas como o momento está revestido de dramatismo adequa-se.

 Para os desiludidos com quem nos governa, não há só cinco opções de voto. Aliás, até se poderia dizer que uma das fontes de desilusão vem precisamente de se encarar a política como os partidos com representação parlamentar. Esses são parte importante, porque são a face mais visível do processo legislativo, mas não são a única. Os chamados pequenos partidos têm de ser considerados.

 Primeiro debrucemo-nos na designação de "pequenos" partidos. Quem a colou aos partidos sem representação parlamentar fez um péssimo serviço à democracia. Porque a democracia é a expressão, ao mesmo nível, das vontades e desejos de uma população. A menos que se estabeleçam cidadãos de primeira e de segunda, não pode haver partidos de primeira nem de segunda, por muito que isso nos desagrade. Ironicamente, até tem de haver espaço para quem acha que efectivamente deve haver cidadãos de primeira e de segunda! Portanto a designação que doravante vou assumir é a de partidos sem assento parlamentar (PSP).

 Desiludidos com a política: sendo certo que para vocês quem nos tem governado não serve, porque não lerem bem estes programas e escolherem o que mais vos agrada/menos vos desgosta? O ficarem de fora no Domingo não vos vai devolver o interesse, só vos vai acentuar o desinteresse. Saiam de casa, votem. Se não se decidem, votem branco, que nestas eleições são votos válidos, mas votem. Porque o que aí vem é demasiado importante para ficar entregue às ditaduras camufladas do costume.

 Ditaduras camufladas? Sim leram bem. Quem quiser recuar até à primeira eleição de Sócrates, a primeira maioria absoluta do PS, verá que ela só foi possível porque o estado do país depois da coligação PSD/CDS era de tal forma nefasto, que houve uma corrida a castigar esses partidos nas urnas, com o castigo a ser proporcionalmente maior, quantos mais votos cada um tinha. Como resultado, tivemos um partido a ditar as regras, a fechar-se em copas e a não negociar medidas, para que fossem o mais abrangentes possíveis, tal e qual a situação de que havíamos saído. Isto deve dar que pensar na hora de votar. Quero castigar um partido, porque me trataram mal e vou a correr votar no principal rival, ou quero votar em quem tem ideias semelhantes às minhas? Porque o risco sério que se corre é de trocarmos um ditadorzinho de algibeira por outro.

 Por mim, gosto de um parlamento onde as decisões se tomam com bases alargadas, não marginalmente maioritárias. Gostava que cada um dos 14 partidos concorrentes tivesse pelo menos um deputado. Gostava de eleições à Parlamento Europeu (maioria de votos e de partidos por paralelismo com maioria de cidadãos e países). Gostava de não ter de ouvir de estrangeiros comentários como: "mas isso de ser só um partido não é como uma ditadura?"...

1 comment:

  1. Gosto do ponto de vista....

    Sempre odiei a expressão "voto útil".... o "voto útil" acaba por criar perversidades assustadoras

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