Friday, July 2, 2010

CHIPalhada à Portuguesa

A questão do chip (ou não) nas SCUT, as auto-estradas sem custos para o utilizador, parece ter chegado ao fim. Tendo começado com a vontade do Governo em, ao abrigo do PEC, começar a cobrar algumas. Todas a Norte. Em particular, todas em redor do (Grande) Porto.

Ora esta vontade, expressa no PEC, não tem origem no PEC. Vinha já expressa no Programa de Governo, que é como quem diz: foi um dos motivos pelos quais o Governo foi democraticamente eleito! Assim sendo, o sururu que provocou a nível nacional é estranho.

Das poucas vezes que me desloquei ao Porto, para lá da simpatia das gentes e da qualidade generalizada do que se come, saltou-me à vista mais duas coisas. A primeira é que a pedra escura dá à cidade um tom pesadão. A segunda, que existem por lá auto-estradas de três (e quatro?) faixas, em excelente estado de conservação que ninguém paga.

Em Lisboa, por outro lado, temos a A8 (paga), a A9 (paga), a A5 (paga), a A2 (paga) e a A12 (paga) que eu me lembre... Repararam no denominador comum? Pois! Pode-se ainda referir que a A2 e a A12 cruzam, cada uma, uma ponte. Sabem quantas pontes são pagas no Porto? A do comboio/metro/eléctrico!

Face a esta gritante injustiça havia obviamente dois caminhos: ou pagam todos, ou não paga nenhum. Nesse jeito que é bem nosso, paga tudo! Claro que para quem tem de começar a pagar para andar na estrada, isso parece injusto. Claro que eu até preferia que ninguém pagasse, mas como para alguns o que está a sul do Douro é tudo igual (dunas de areia?), não é de estranhar que a única solução de compromisso seja a de considerar igual uma qualquer AE de acesso ao Porto, com uma AE que visa essencialmente evitar a desertificação do interior, ou uma que visa reduzir a circulação por vilas e aldeias, com os inerentes resultados na saúde dos locais e na sinistralidade rodoviária.

A partir deste momento, e caertamente já a pensar nos directores que irão nomear na próxima legislatura, os dois partidos com maior representação parlamentar começaram a discutir como pagar. Bom, 'como' não. Para um partido (o que se auto-intitula o "maior" da oposição) havia ainda que discutir 'o que portajar', face à injustiça gritante que se verificava em portajar apenas o acesso a um grande centro urbano. O resultado foi essa solução de consenso que hoje vem na maioria da comunicação social: portaja-se tudo, mas o chip é só para quem quer!

Traduzindo o acordo ficamos assim: quem queria portajar uma parte, acaba a portajar o todo e, como tal, a ter mais receita. Quem diz que o actual governo é mau e injusto, acabou a fazer sofrer 'o justo pelo pecador'. Será esta alternativa melhor do que o que temos, ou será mais do mesmo? (Quase que arrisco perguntar se será ainda pior...)

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